sexta-feira, 25 de novembro de 2011

SOS ... SOS caos na educação "assassinato"

"Através da aplicação inteligente e constante da propaganda 
as pessoas podem ser induzidas a ver o paraíso 
como um inferno, e também o contrário, 
e considerar a mais miserável
 tipo de vida como paraíso."      Adolf Hitler

Diante da situação de desrespeito e tratamento digno de um ditador, o governo de Minas Gerais mais uma vez demostra andar na contramão da EDUCAÇÃO no PAÍS.


ATENÇÃO ! ! !
P.S.: Reunião do NDG - sábado, 26/11- na sede da 


Escola Popular - Rua Ouro Preto, nº 294 - Barro Preto - BH -

referência: em frente ao Bar "Brazil". A partir das 14 horas.



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In comentários no Blog do Euler:


"PEDIDO DE INTERVENÇÃO FEDERAL EM MINAS GERAIS. O Sindicato pode ele próprio protocolar essa REPRESENTAÇÃO (NOME TÉCNICO QUE SE DÁ A ESSE TIPO DE PEDIDO) no MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL. Amigo, todo PEDIDO DE INTERVENÇÃO, mesmo que não dê em nada, tem uma força política descomunal: usamos essa tática aqui contra o Município de Formiga, em outra questão, e foi ótimo! Nenhum governante quer um PEDIDO DE INTERVENÇÃO em seu calcanhar. E mais: vocês podem armar todo um esquema sensacionalista em cima desse pedido, no dia em que vocês forem protocolar essa Representação no Ministério Público Federal, chamando a mídia para acompanhar o protocolo. O sensacionalismo contará a favor dos professores. Além disso, caro representante dos professores, não se esqueça de que o Sindicato possui um excelente instrumento nas mãos: a AÇÃO CIVIL PÚBLICA: ela também é usada na defesa de interesses coletivos. Por meio dessa ação, vocês poderão pedir a adaptação do Plano de Carreira dos Professores mineiros à Lei do Piso, à revelia da vontade do Déspota Anastasia. Caro amigo, a Lei do Piso é anterior às leis do Subsídio (inclusive a primeira). Logo, com sua publicação, essa Lei do Piso se aderiu automaticamente à Lei dos Planos de Carreira: formando, vamos assim dizer, quase que uma lei (no sentido de norma) única. Amigo, não haveria necessidade nem de outra lei mineira para garantir o direito dos professores. Não haveria necessidade nem de outra lei mineira adaptando as carreiras já existentes ao Piso. A própria Ação já supriria essa ausência. Mesmo com a aprovação daquela lei mineira, o subsídio não se aplica a vocês. Como te falei: a carreira de vocês com o Piso da lei federal é anterior. A própria Ação Civil Pública, ao fazer essa adaptação, já afastaria os efeitos dessa lei do subsídio. Bom, espero ter dado alguma contribuição. Minha mãe é professora e me ajudou a me formar em Direito. Gostaria muito de poder ajudá-la agora, pois acho um absurdo o que o Governador fez com vocês. Um grande abraço! Boa noite! Antes de tudo isso: contratar um ótimo escritório de advocacia, mesmo que fora de Minas Gerais. Um escritório especializado em Administrativo e Constitucional. Daqueles de renome. Vale a pena! Um escritório bom gosta de brigas jurídicas como essas. Eles se empenham. Nesse sentido, vocês poderia pedir ajuda do Deputado Rogério Correia, para procurar um escritório desses. Tenho certeza de que se for preciso os professores poderão se reunir para pagar esse escritório."


Blog do Euler

"Cinismo do governo mineiro não tem fim. Tentam convencer a população de que o confisco salarial aplicado foi ganho real para a categoria dos educadores. Pensam que os educadores são tão ridículos quanto eles. Educadores vão mostrar que não estão para brincadeira, e que não se tomam direitos assegurados em lei sem resistência, sem luta. Minas vai viver momentos de grandes mobilizações populares.

Pessoal da luta, acabo de acordar e por isso, daqui a pouco, publico novo post. De imediato, quero adiantar: não aceitamos o que o governo fez com a categoria. As coisas não funcionam dessa forma, e isso o governo e seus aliados precisam aprender. Não se roubam os direitos de uma categoria numa canetada, embalada pelaconivência de 51 deputados serviçais. Lógico que isso não vai ficar assim. Lógico que não vamos aceitar isso.

Não adianta o governo colocar suas secretárias para falar sem parar nas rádios, jornais e TVs, todos pagos com o nosso dinheiro, e que sequer têm a dignidade de abrir igual espaço para o sindicato da categoria se defender.

Vamos nos organizar e dar a resposta. Queremos e vamos recuperar cada um dos nossos direitos roubados durante 2011 e 2012. Não aceitamos o golpe que foi dado e que nos tirou a carreira e o piso. Claro que isso não ficará impune.

Já no dia 26, sábado, às 14h, haveráreunião do NDG em BH para analisarmos a situação e discutirmos nossos próximos passos. O NDG é formado informalmente pelos educadores da luta. Vamos discutir e apresentar propostas para ações efetivas em todos os campos, jurídicos e políticos, tendo em vista o fortalecimento da luta que é dirigida pelo sindicato da categoria.

Daqui a pouco, após o café, eu retorno com as análises. Tenho recebido muitos e-mails com propostas. A categoria está viva, e se mobilizando em toda Minas Gerais. O governo e seus deputados não têm ideia do que eles provocaram em todo o estado, no Brasil e até fora do país. Até mesmo de um combativo aliado, que mora em Portugal e é filho de professora, recebemos e-mail. Minas está na mira de muitas vozes indignadas com o que aconteceu.

Por isso, mais do que nunca podemos dizer que a nossa luta continua, que o chão de Minas vai tremer como nunca, e que o indecente ato do governo de cassar os direitos da categoria ao piso e à carreira terá respostas, não ficará impune e que vamos dar a volta por cima e conquistar os nossos direitos.

Daqui a pouco vou analisar alguns detalhes do confisco aplicado à categoria.


Um forte abraço, força na luta e até mais tarde um pouco!


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O dia 23 de novembro
Blog da Beatriz Cerqueira
http://blogdabeatrizcerqueira.blogspot.com/






Se o dia de hoje pudesse ser resumido em vitória do Governo e derrota do Sindicato, as consequências estariam restritas ao placar de um jogo político.
Mas a realidade da escola pública mineira, o que inclui a situação de seus profissionais, não é um jogo político e com o resultado da votação do projeto de lei substitutivo no. 05, todos que defendem uma educação pública de qualidade perderam. Resta saber quem saiu vitorioso com o resultado deste dia.
Foram 12 horas ininterruptas de discussão no plenário da Assembleia Legislativa.
A categoria optou por sair do subsídio. O Governo do Estado assinou um documento se comprometendo a aplicar o Piso Salarial na carreira. O Governador Antônio Anastasia não cumpriu o compromisso que assumiu.
Nesta noite de quarta-feira 51 deputados estaduais aprovaram o projeto de lei do governo tornando obrigatório o subsídio a partir de janeiro de 2012. A categoria perde novos biênios, quinquênios, trintenários, gratificação de regência, etc, perde o Piso Salarial Profissional Nacional.
Estes deputados estaduais votaram pela retirada de direitos da categoria e aprovaram o projeto de lei do subsídio: Alencar da Silveira Junior, Ana Maria Resende, Anselmo José Domingos, Antônio Carlos Arantes, Antônio Genaro, Antônio Lenin, Arlen Santiago, Bonifácio Mourão, Bosco, Célio Moreira, Dalmo Ribeiro, Deiró Marra, Délio Malheiros, Doutor Viana, Doutor Wilson Batista, Duilio de Castro, Carlos Henrique, Carlos Mosconi, Cássio Soares, Fabiano Tolentino, Fábio Cherem, Fred Costa, Gilberto Abramo, Gustavo Corrêa, Gustavo Valadares, Gustavo Perrella, Hélio Gomes, Henry Tarquinio, Inácio Franco, Jayro Lessa, João Leite, João Vitor Xavier, José Henrique, Juninho Araújo, Leonardo Moreira, Luiz Carlos Miranda, Luiz Henrique, Luiz Humberto Carneiro, Luzia Ferreira, Marques Abreu, Neider Moreira, Neilando Pimenta, Pinduca Ferreira, Romel Anízio, Rômulo Veneroso, Rômulo Viegas, Sebastião Costa, Tenente Lúcio, Tiago Ulisses, Zé Maia, Duarte Bechir.
Quando em janeiro de 2012 você perder os direitos de carreira que já adquiriu ou quando os profissionais de outros estados e municípios tiverem reajuste de 16% e Minas não praticar este reajuste, questionaremos os deputados estaduais que votaram contra a categoria.
Estes deputados estaduais defenderam a categoria: Adalclever Lopes, Adelmo Carneiro Leão, Almir Paraca, André Quintão, Antônio Júlio, Bruno Siqueira, Carlin Moura, Celinho do Sinttrocel, Durval Ângelo, Elismar Prado, Ivair Nogueira, Liza Prado, Maria Tereza Lara, Paulo Guedes, Pompilio Canavez, Rogério Correia, Rosângela Reis, Tadeu Leite, Ulisses Gomes, Sávio Souza Cruz.

   MOMENTOS



































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Prezado Professor 

Aqui está um artigo que eu escrevi no jornal VIA REAL, de Ressaquinha MG: 


UM CRIME ANUNCIADO

Profº João Paulo Ferreira de Assis

"Vamos deixar de lado nossa pregação a respeito do roteiro turístico único para fazermos uma denúncia ao preclaro leitor. Primeiramente iremos dar os conceitos de furto e roubo, tais como estão no Código Penal. De acordo com o artigo 155, FURTO é subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel. ROUBO, de acordo com o artigo 157, é subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência.
O prezado leitor há de perguntar-se porque iniciamos nós o nosso artigo com esses conceitos que não nos foram perguntados?

Todos sabem que houve uma greve de 112 dias dos professores, que prejudicou os alunos, não há como negar, mas também prejudicou a nós em maior ou menor grau. Aceitamos suspendê-la, para atender negociações com que nos acenaram os deputados do governo. E assim, em 26 de setembro suspendemos nossa greve. Foi assinado um termo de compromisso entre o governo e o SINDUTE. Começamos as reposições. O governo em nenhum momento aceitou nos pagar pelo plano de carreira instituído pela Lei 15293, de 2004. Quer nos empurrar o subsídio, que nada mais é do que uma forma perversa de desobedecer à Lei federal 11738, sob a falsa afirmação de que a cumpre. No vencimento básico, com o Piso sendo pago de acordo com o plano carreira de 2004, ao final de 2015, receberemos o dobro do que o governo nos acena. Esse projeto que o governo quer nos impor, desrespeitando nossa opção pelo vencimento básico não só é inconstitucional como também é criminoso. Inconstitucional porque mexe em direitos adquiridos, e extingue os quinquênios das pessoas que já possuíam esse direito antes de 2003, como é meu caso. O governo diz que vai incorporar quinquênios e biênios de quem já tem esse direito. Desde o mês passado completei 25 anos e tenho direito a receber o 5° quinquênio. Mas ele vai me cassar o direito ao adicional trintenário, que a lei me assegurava quando me tornei efetivo. Esse não será pago. Diante do exposto podemos traçar uma analogia com o iter criminis.

Vejam as etapas do crime (iter criminis):

1-COGITAÇÃO. Ao adiar a reunião com a comissão tripartite (governo, sindute e deputados)o governo já deu o primeiro passo para o crime. É a fase interna.

2-ATOS PREPARATÓRIOS. 1° etapa da fase externa. Foi a reunião de 18 de novembro com os deputados. Na teoria do crime seria a aquisição da arma para cometer o homicídio. Mas pode-se colocar essa reunião como crime consumado pois a simples reunião para formar uma quadrilha que cometerá crimes, já é um crime consumado. A quadrilha é uma ameaça à sociedade, como a reunião desses deputados com o governador se constituiu numa ameaça a milhares de professores e suas famílias. O crime de formação de quadrilha está previsto no artigo 288 do Código Penal.

3-ATOS DE EXECUÇÃO. 2ª etapa da fase externa. No nosso caso começa com a tramitação do projeto na Assembleia Legislativa, discussão e votação. No caso da teoria criminal, é o início da execução do crime.

4-CONSUMAÇÃO. É no nosso caso, a sanção do projeto de lei pelo governador e sua publicação no órgão oficial do Estado. No caso do homicídio é quando a vítima dá o último suspiro.

Vejam, senhores, a semelhança do que o governo vem fazendo conosco com um crime cogitado, planejado e consumado. Como isto ainda fosse pouco ainda há o assédio moral praticado contra os professores por ordem da Secretaria de Educação pelos seus fiéis capitães do mato, os funcionários das superintendências regionais de ensino e os diretores de escolas.

O governo vencerá mais esse round. E a Educação mineira, esmagada, está no fundo do poço. Toda uma categoria está desanimada e desiludida com tanta perseguição. Infelizmente o governo VAI CONSEGUIR OS SEUS TORPES OBJETIVOS, QUE É DEIXAR OS FILHOS DOS POBRES SEM ESCOLA.
Peço aos leitores que não se deixem fiar pela propaganda do jornal Estado de Minas a favor do governo. Lembrem-se que Educação e PSDB são como água e óleo. Não se misturam. Se você quer educação de qualidade, pense bem na hora de votar, inclusive para prefeito. Verifique quem é que patrocina o projeto do candidato a prefeito, que partidos o apoiam, e decida o seu voto.


João Paulo Ferreira de Assis é professor de História na EE Deputado Patrus de Sousa em Carandaí, e autor da História do Município de Senhora dos Remédios. 



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"A crença de que a felicidade é um direito tem tornado despreparada a geração mais preparada
Eliane Brum

Ao conviver com os bem mais jovens, com aqueles que se tornaram adultos há pouco e com aqueles que estão tateando para virar gente grande, percebo que estamos diante da geração mais preparada – e, ao mesmo tempo, da mais despreparada. Preparada do ponto de vista das habilidades, despreparada porque não sabe lidar com frustrações. Preparada porque é capaz de usar as ferramentas da tecnologia, despreparada porque despreza o esforço. Preparada porque conhece o mundo em viagens protegidas, despreparada porque desconhece a fragilidade da matéria da vida. E por tudo isso sofre, sofre muito, porque foi ensinada a acreditar que nasceu com o patrimônio da felicidade. E não foi ensinada a criar a partir da dor. 

Há uma geração de classe média que estudou em bons colégios, é fluente em outras línguas, viajou para o exterior e teve acesso à cultura e à tecnologia. Uma geração que teve muito mais do que seus pais. Ao mesmo tempo, cresceu com a ilusão de que a vida é fácil. Ou que já nascem prontos – bastaria apenas que o mundo reconhecesse a sua genialidade. 


Tenho me deparado com jovens que esperam ter no mercado de trabalho uma continuação de suas casas – onde o chefe seria um pai ou uma mãe complacente, que tudo concede. Foram ensinados a pensar que merecem, seja lá o que for que queiram. E quando isso não acontece – porque obviamente não acontece – sentem-se traídos, revoltam-se com a “injustiça” e boa parte se emburra e desiste. 


Como esses estreantes na vida adulta foram crianças e adolescentes que ganharam tudo, sem ter de lutar por quase nada de relevante, desconhecem que a vida é construção – e para conquistar um espaço no mundo é preciso ralar muito. Com ética e honestidade – e não a cotoveladas ou aos gritos. Como seus pais não conseguiram dizer, é o mundo que anuncia a eles uma nova não lá muito animadora: viver é para os insistentes. 


Por que boa parte dessa nova geração é assim? Penso que este é um questionamento importante para quem está educando uma criança ou um adolescente hoje. Nossa época tem sido marcada pela ilusão de que a felicidade é uma espécie de direito. E tenho testemunhado a angústia de muitos pais para garantir que os filhos sejam “felizes”. Pais que fazem malabarismos para dar tudo aos filhos e protegê-los de todos os perrengues – sem esperar nenhuma responsabilização nem reciprocidade. 


É como se os filhos nascessem e imediatamente os pais já se tornassem devedores. Para estes, frustrar os filhos é sinônimo de fracasso pessoal. Mas é possível uma vida sem frustrações? Não é importante que os filhos compreendam como parte do processo educativo duas premissas básicas do viver, a frustração e o esforço? Ou a falta e a busca, duas faces de um mesmo movimento? Existe alguém que viva sem se confrontar dia após dia com os limites tanto de sua condição humana como de suas capacidades individuais? 


Nossa classe média parece desprezar o esforço. Prefere a genialidade. O valor está no dom, naquilo que já nasce pronto. Dizer que “fulano é esforçado” é quase uma ofensa. Ter de dar duro para conquistar algo parece já vir assinalado com o carimbo de perdedor. Bacana é o cara que não estudou, passou a noite na balada e foi aprovado no vestibular de Medicina. Este atesta a excelência dos genes de seus pais. Esforçar-se é, no máximo, coisa para os filhos da classe C, que ainda precisam assegurar seu lugar no país. 


Da mesma forma que supostamente seria possível construir um lugar sem esforço, existe a crença não menos fantasiosa de que é possível viver sem sofrer. De que as dores inerentes a toda vida são uma anomalia e, como percebo em muitos jovens, uma espécie de traição ao futuro que deveria estar garantido. Pais e filhos têm pagado caro pela crença de que a felicidade é um direito. E a frustração um fracasso. Talvez aí esteja uma pista para compreender a geração do “eu mereço”. 


Basta andar por esse mundo para testemunhar o rosto de espanto e de mágoa de jovens ao descobrir que a vida não é como os pais tinham lhes prometido. Expressão que logo muda para o emburramento. E o pior é que sofrem terrivelmente. Porque possuem muitas habilidades e ferramentas, mas não têm o menor preparo para lidar com a dor e as decepções. Nem imaginam que viver é também ter de aceitar limitações – e que ninguém, por mais brilhante que seja, consegue tudo o que quer. 


A questão, como poderia formular o filósofo Garrincha, é: “Estes pais e estes filhos combinaram com a vida que seria fácil”? É no passar dos dias que a conta não fecha e o projeto construído sobre fumaça desaparece deixando nenhum chão. Ninguém descobre que viver é complicado quando cresce ou deveria crescer – este momento é apenas quando a condição humana, frágil e falha, começa a se explicitar no confronto com os muros da realidade. Desde sempre sofremos. E mais vamos sofrer se não temos espaço nem mesmo para falar da tristeza e da confusão. 


Me parece que é isso que tem acontecido em muitas famílias por aí: se a felicidade é um imperativo, o item principal do pacote completo que os pais supostamente teriam de garantir aos filhos para serem considerados bem sucedidos, como falar de dor, de medo e da sensação de se sentir desencaixado? Não há espaço para nada que seja da vida, que pertença aos espasmos de crescer duvidando de seu lugar no mundo, porque isso seria um reconhecimento da falência do projeto familiar construído sobre a ilusão da felicidade e da completude. 


Quando o que não pode ser dito vira sintoma – já que ninguém está disposto a escutar, porque escutar significaria rever escolhas e reconhecer equívocos – o mais fácil é calar. E não por acaso se cala com medicamentos e cada vez mais cedo o desconforto de crianças que não se comportam segundo o manual. Assim, a família pode tocar o cotidiano sem que ninguém precise olhar de verdade para ninguém dentro de casa. 


Se os filhos têm o direito de ser felizes simplesmente porque existem – e aos pais caberia garantir esse direito – que tipo de relação pais e filhos podem ter? Como seria possível estabelecer um vínculo genuíno se o sofrimento, o medo e as dúvidas estão previamente fora dele? Se a relação está construída sobre uma ilusão, só é possível fingir. 


Aos filhos cabe fingir felicidade – e, como não conseguem, passam a exigir cada vez mais de tudo, especialmente coisas materiais, já que estas são as mais fáceis de alcançar – e aos pais cabe fingir ter a possibilidade de garantir a felicidade, o que sabem intimamente que é uma mentira porque a sentem na própria pele dia após dia. É pelos objetos de consumo que a novela familiar tem se desenrolado, onde os pais fazem de conta que dão o que ninguém pode dar, e os filhos simulam receber o que só eles podem buscar. E por isso logo é preciso criar uma nova demanda para manter o jogo funcionando. 


O resultado disso é pais e filhos angustiados, que vão conviver uma vida inteira, mas se desconhecem. E, portanto, estão perdendo uma grande chance. Todos sofrem muito nesse teatro de desencontros anunciados. E mais sofrem porque precisam fingir que existe uma vida em que se pode tudo. E acreditar que se pode tudo é o atalho mais rápido para alcançar não a frustração que move, mas aquela que paralisa. 


Quando converso com esses jovens no parapeito da vida adulta, com suas imensas possibilidades e riscos tão grandiosos quanto, percebo que precisam muito de realidade. Com tudo o que a realidade é. Sim, assumir a narrativa da própria vida é para quem tem coragem. Não é complicado porque você vai ter competidores com habilidades iguais ou superiores a sua, mas porque se tornar aquilo que se é, buscar a própria voz, é escolher um percurso pontilhado de desvios e sem nenhuma certeza de chegada. É viver com dúvidas e ter de responder pelas próprias escolhas. Mas é nesse movimento que a gente vira gente grande.


Seria muito bacana que os pais de hoje entendessem que tão importante quanto uma boa escola ou um curso de línguas ou um Ipad é dizer de vez em quando: “Te vira, meu filho. Você sempre poderá contar comigo, mas essa briga é tua”. Assim como sentar para jantar e falar da vida como ela é: “Olha, meu dia foi difícil” ou “Estou com dúvidas, estou com medo, estou confuso” ou “Não sei o que fazer, mas estou tentando descobrir”.
Porque fingir que está tudo bem e que tudo pode significa dizer ao seu filho que você não confia nele nem o respeita, já que o trata como um imbecil, incapaz de compreender a matéria."
Colaboradora: Ana Cristina
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